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quinta-feira, abril 12, 2018

Sincretismo Religioso









Sincretismo é a absorção de um sistema de crenças por outro. Isto ocorreu, por exemplo, quando o cristianismo absorveu e adaptou conceitos das religiões da Europa, moldando-os de acordo com os interesses da Igreja Católica numa tentativa de facilitar a propagação da religião cristã no continente europeu.

Sincretismo








O Dicionário Aurélio assim define sincretismo:
[Do gr. synkretismós, ‘reunião de vários Estados da ilha de Creta contra o adversário comum’, pelo fr. syncrétisme.]
1. Filos. Tendência à unificação de idéias ou de doutrinas diversificadas e, por vezes, até mesmo inconciliáveis.[Cf., nesta acepç., ecletismo (1).]
2. Amálgama de doutrinas ou concepções heterogêneas.
3. Fusão de elementos culturais diferentes, ou até antagônicos, em um só elemento, continuando perceptíveis alguns sinais originários.
Todas as acepções aplicam-se ao que entendemos por sincretismo, até mesmo a sua etimologia, como se pudéssemos dizer que, no sincretismo religioso, diferentes religiões se reúnem e formam uma aliança, para vencer um inimigo comum.
O sincretismo religioso tem presença marcante no discurso literário brasileiro, desde o período de formação de nossa literatura, mas começa mesmo a ser notado no período do Romantismo, com o romance picaresco, Memórias de um sargento de milícias, da autoria de Manuel Antônio de Almeida. Nessa narrativa, aparecem já os indícios de uma religiosidade popular marcada pela mistura de catolicismo e religiões africanas.
Depois, já no modernismo temos de destacar as obras de Jorge Amado como amostragem de uma prática do mais lídimo sincretismo em que o catolicismo tradicional brasileiro mistura-se às práticas religiosas africanas trazidas pelos negros que para cá foram arrastados para servirem de escravos dos ricos e exploradores proprietários de terras.
No teatro brasileiro, apontamos uma peça que pode ser um ícone do sincretismo religioso: O pagador de promessa, de Dias Gomes. Na peça, Zé do Burro, carrega uma cruz de madeira, semelhante à de Jesus Cristo para o Calvário, em busca de cumprir uma promessa que fez a Santa Bárbara, em um terreiro de umbanda. No terreiro não existe a santa católica, mas a correspondente Iansan, protetora contra os raios, O burro, Nicolau, companheiro inseparável de Zé, daí o apelido de Zé do Burro, sofrera um acidente com a queda de um raio na cabeça e estava agonizante. Zé do Burro fez a promessa de levar uma cruz de madeira de 7 metros até o altar de Santa Bárbara, para que a santa curasse seu amigo animal. É impedido de cumprir a promessa pelo padre, que não tolera a mistura de catolicismo com umbanda que o sertanejo faz. Está aí o sincretismo religioso ingênuo, tão comum às pessoas das mais diferentes camadas da população brasileira, e Zé do Burro é quase excomungado pelo Monsenhor, representante do Bispo. Não só isso: é achincalhado pelas pessoas na praça e morto pela polícia. É a face da intolerância religiosa tão presente também no comportamento de grande parte da população praticante das diferentes religiões.
Guimarães Rosa, em o Grande sertão: veredas, dá forma artística ao sincretismo religioso, ao fazer do autor-criador do romance, Riobaldo, um herói que se vale de todas as religiões, crenças e crendices populares para vencer o inimigo Hermógenes e, por extensão o demônio.
De acordo com Ferretti (2001, p.14), a própria história da formação social do nosso país conduz ao sincretismo, já que povos de diferentes nações e línguas sempre fizeram parte de nossa cultura. Para Carvalho (1991), todas as religiões no Brasil dialogam, de algum modo, enquanto Andrade (2002) considera que o caráter religioso brasileiro tenha base no sincretismo, muito mais do que no catolicismo puro.
Muita religião, seu moço! Eu cá, não perco ocasião de religião. Aproveito de todas. Bebo água de todo rio… Uma só, para mim é pouca, talvez não me chegue. Rezo cristão, católico, embrenho a certo; e aceito as preces de compadre meu Quelemém, doutrina dele, de Cardéque. Mas, quando posso, vou no Mindubim, onde um Matias é crente, metodista: a gente se acusa de pecador, lê alto a Bíblia, e ora, cantando hinos belos deles. Tudo me quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca. (ROSA, 1967,p.15-16).
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. de O. 500 anos de catolicismos e sincretismos no Brasil. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2002.
CARVALHO, J.J. Características do fenômeno religioso na sociedade contemporânea. Brasília: UNB, 1991
FERRETTI, S. F. Notas sobre o sincretismo religioso no Brasil. In.Tempo
Revista do Departamento de História da UFF, Niterói, v.n. 11, p. 13-26, 2001.
ROSA, J.G. Grande Sertão: Veredas. 5. ed. Rio: José Olympio Editora, 1967.

Reflexão

Estou aprendendo que a maioria das pessoas não gostam de ver um sorriso nos lábios do próximo.Não suportam saber que outros são felizes... E eles não! (Mary Cely)