Herbário Póetico

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domingo, setembro 19, 2010

Karma e Casualidade.



Figura 1: Linearidade no encademento de causas e efeitos




Além desse encadeamento de ações tipicamente cartesianas, observa-se ainda uma tendência newtoniana ao se referir à "lei do karma" coma uma lei de "ação e reação" nos moldes da física mecânica de Isaac Newton. Observa-se que a linearidade e o mecanicismo dessa forma de compreensão do karma tendem a submeter o ser humano a um determinismo que se contrapõe ao princípio de livre-arbítrio da espiritualidade. Em conseqüência desse mecanismo tão preciso e determinista somos transformados em presas do destino.

Também a idéia de causalidade de Hume parece estar internalizada nessa doutrina de karma como "a lei de causa e efeito". Os eventos seguem um curso cronológico e é a disposição entre antecedente e consequente que estabelece o nexo causal de necessidade. Notamos o peso desses conceitos na forma como muitos tratam dos problemas experimentados na prática por aqueles que buscam auxílio espiritual. Seguindo essa tendência de causalidade, qualquer infortúnio presente deve ser explicado por uma má-ação do passado. De modo semelhante à "teoria do trauma" de Sigmund Freud, muitos espiritualistas procuram a causa dos problemas presentes em algum evento traumático ou catastrófico do passado, seja nessa ou em outras vidas. As terapias das vidas e vivências passadas adotam essa postura. Assim como os psicanalistas freudianos não procuram mais um único trauma no passado para explicar a neurose presente de seus pacientes, também não devemos encarar o karma desse modo linear.

Por fim, outro cientista enaltecido por determinados círculos espiritualistas foi Charles Darwin cuja teoria da evolução das espécies serviu de inspiração para a interpretação do karma como uma lei evolucionista. Contudo, é necessário perceber que na teoria darwinista não existe um propósito pré-estabelecido para as espécies. Um dinossauro não surgiu no planeta com o intuito de depois dar surgimento a uma galinha. O que acontece é que pela seleção natural, sobrevivem os mais adaptados ao meio e, a não ser que o meio seja manipulado para levar uma espécie a se desenvolver em outra(algo difícil de conceber), não temos aqui a evolução do mesmo modo que aquela entendida pela espiritualidade. Além disso, a sobrevivência do mais adaptado não significa a do melhor, mas simplesmente daquele que está mais em sintonia com o meio. Caso mantivéssemos essa posição, o que esperaríamos do mundo diante de tanta corrupção e do capitalismo desenfreado?

Aprofundando a causalidade

Como a teleologia umbandista certifica a existência de um propósito para o universo e esse propósito ou finalidade está ligado à evolução, não abandonamos a causalidade mas precisamos entender melhor o processo.

Em primeiro lugar, ao invés de pensar que uma única causa é a responsável por gerar um único efeito como de a para b na figura 1, pensemos que várias causas colaboram para o surgimento de um determinado efeito. Vejamos a figura 2.

Figura 2: várias causas se agrupam para gerar um efeito.







Passamos então de uma situação de uma única causa para várias causas que são suficientes para um determinado efeito. Desse modo, não procuramos mais um trauma no passado ou o reconhecimento de uma certa má-ação como a responsável pelos problemas que enfrentamos agora. A questão é mais complexa que isso.

Em segundo lugar, ao invés de entender nossa ação presente b como se encaminhando, indefectivelmente, para um certo ponto c, podemos entender que qualquer ação nossa pode gerar por contingência uma série de outras situações.


Figura 3: Um estado presente pode gerar várias possibilidades futuras







Se nós somos o indivíduo no estado presente b, isso significa que recebemos várias influências simultâneas para chegar aqui e temos não um caminho predeterminado a seguir, mas um leque de possibilidades que se abrem à nossa frente. Nosso livre arbítrio consiste em poder escolher entre as várias possibilidades.

Podemos ir ainda mais adiante e passar a um esquema mais complexo em que os pontos se relacionam não de modo linear, mas dentro de uma rede que se conecta com várias outras redes, formando um ambiente tridimensional no qual as causas e efeitos se relacionam subvertendo o tempo.

Figura 4: Karma tridimensional









Por esse modelo de karma, nossos estados presentes se relacionam com estado passados e futuros de modo complexo. Quando alguma coisa abala um único ponto do sistema, todo o sistema se modifica e se reconfigura. Nesse sistema existe uma interdependência entre tudo e entre todos, seja no nível do universo, da humanidade ou dos pensamentos e emoções que carregamos dentro de nós.

Conforme o tempo decorre, não passamos mais de um estado singular a outro, mas apenas mudamos a configuração do sistema. E se pensarmos em termos de relatividade, veremos que todas as configurações que indicariam a passagem do tempo já existem como possibilidade.


Aplicando na prática


É possível já perceber que podemos nos libertar da idéia de karma como prêmio e castigo, do entendimento de mal como algo que exista por si só. Também as idéias de causalidade e linearidade foram confrontadas e a perspectiva de karma como um sistema complexo onde ocorrem múltiplas interações parece fazer mais jus à realidade que vivemos no dia-a-dia, na qual tudo faz parte de um contexto maior.

Outra noção que pudemos rever é a de que o karma é uma lei de "ação e reação". Na verdade, a palavra karma vem do sânscrito e significa "ação". Portanto, o karma é ativo e não reativo. Nossa atividade não gera uma reação no mundo espiritual, nem nós mesmos podemos viver reagindo ao que nos acontece. O karma não deve nos cobrar o passado, mas nos projetar para o futuro.

Por fim, lembrando que a cada momento não somos pré-determinados, mas estamos diante de um leque de possibilidades, podemos agir para tornar realidade uma dessas possibilidades. Considerando que não temos domínio sobre todo os sistema, pode ser que escolhamos uma via e venhamos a causar sofrimento para nós mesmos ou para os outros. Mas tal situação não deve nos causar pânico. Ao contrário, se tivermos consciência do que queremos a longo prazo, qual seja a espiritualidade superior, seremos capazes de transformar todos os estados intermediários pelos quais passarmos, felizes ou infelizes, em caminho para o nosso objetivo final. Se estamos dentro de uma rede tridimensional, são vários os caminhos possíveis desde que saibamos para onde queremos ir.

Texto e Imagem do Blog:
http://blog.ftu.edu.br/search/label/karma

Reflexão

Estou aprendendo que a maioria das pessoas não gostam de ver um sorriso nos lábios do próximo.Não suportam saber que outros são felizes... E eles não! (Mary Cely)