Herbário Póetico

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quinta-feira, julho 29, 2010

Interpretação dos Sonhos"Parte 3"


A origem das idéias contidas na obra

Como o observador que se despe dos preconceitos para apreender um fato inusitadamente novo, Freud criou o que seria um método de pesquisa pela escuta. Pouco antes da escritura do livro passara pela experiência de ouvir de uma paciente que deveria calar-se e escutar mais. Obedeceu. Aos poucos percebia que os sintomas histéricos cediam à palavra. Ao narrar a origem dos sintomas as histéricas se curavam. A primeira teoria formulada para lidar com este fato foi a da catarse. Em poucas linhas a idéia central era a de que o sintoma histérico (no exemplo clássico paralisias, cegueiras, convulsões etc…) consumia uma quantidade de energia originalmente vinculada à idéia que provocou o sintoma. Assim, o acesso desta idéia à memória e à palavra deveria recanalizar esta energia represada no sintoma, eliminando-o.

Como conseqüência desta teoria o mais importante a se objetivar seria a rememoração do evento desencadeante. Para facilitar esta rememoração Freud fez uso da sugestão e da hipnose. Começava aí seu isolamento do meio médico. A hipnose tinha uma pré-história acientífica de charlatanismo e apresentações espetaculares, e Freud se encontrava em Viena, capital cultural que costumava não tolerar tais práticas no meio médico. Não por acaso Freud precisa visitar Paris para estudar a hipnose com Charcot, a quem sempre dedicou um profundo respeito.

A teoria da catarse seria progressivamente abandonada na medida em que Freud começava a perceber a presença de algo que se opunha ativamente à rememoração. Este fator de resistência se relacionava exatamente àquelas lembranças mais importantes, servindo portanto de indicador do valor de uma determinada idéia para a doença histérica correspondente. Em outras palavras, quanto mais relacionada à doença, mais resistência seria encontrada na rememoração de uma determinada idéia. A hipnose escamoteava este fator, derrubando todas as resistências. Uma nova abordagem se faria necessária se o que se pretendia era tirar as conseqüências desta descoberta.

Nas tentativas iniciais do que se tornaria mais tarde o método da associação livre Freud simplesmente se submeteu a ouvir o que vinha à mente de seus pacientes. Nos pontos em que localizava alguma resistência aprendeu a reconhecer a necessidade de fazer valer sua presença, em sua insistência e incitação, fazendo com que o paciente se detivesse neste ponto, se esforçasse um pouco mais, de modo que pudesse seguir por uma trilha inicialmente bloqueada. Ainda em busca da memória perdida, Freud começava a apreender o funcionamento dos sintomas, o tipo de defesas com que se protegiam da investigação e a ferocidade com que resistiam à cura. Só em A Interpretação dos Sonhos será possível encontrar suas teses a este respeito.

A importância dada aos sonhos começava aí a tomar força. Deixados livres para falar o que viesse à cabeça os pacientes logo começaram a narrar sonhos, associando-os a eventos relevantes à sua neurose. Freud não se autoriza a legislar o que teria ou não pertinência na narrativa do paciente. Imbuído de uma crença profunda na lei da causalidade supõe que algum fator desconhecido justificaria que os sonhos surgissem na fala dos pacientes. Este fator desconhecido, digamos desde já, seria cernido pelo conceito de inconsciente. Se os sonhos se impunham desta forma à observação do pesquisador, nada mais legítimo que decifrar sua estrutura.

À guisa de comentário paralelo notemos que não só os sonhos adquiriram seu valor desta forma, mas também a sexualidade infantil. Os pacientes também traziam lembranças de sensações sexuais prazerosas vividas na infância, o que, apesar do choque, Freud se viu obrigado a considerar. Esta seria outra idéia responsável pelo isolamento da comunidade científica de sua época.

(Augusto Cesar Freire é psicanalista associado ao Tempo Freudiano Associação Psicanalítica e doutorando em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Fonte do Texto de Pesquisa e Imagem
http://yvannasaraiva.blogspot.com/2008_12_01_archive.html

Interpretação dos Sonhos "Parte 2 "


A gestação e o parto da obra

Na verdade a obra foi publicada em 04 de novembro de 1899. Por uma decisão do editor, no entanto, a data impressa é a de 1900. A correspondência de Freud a Fliess (publicada em português pela Imago) nos fornece os dados a seguir. Durante dois anos Freud se dedicou ao preparo deste que seria um exemplo excelente de estrutura de tese. Sua pesquisa não deixa de fora nenhuma obra conhecida que abordasse o tema dos sonhos, nem mesmo os sempre populares livros de sonhos egípcios. Cada possível argumento, cada possível interpretação é examinada com seriedade e rigor científico. A magnitude do trabalho poderia responder pela lentidão com que o texto foi produzido, mas em suas cartas ao amigo Fliess podemos entender que as razões da demora foram mais pessoais.

O livro é pleno de exemplos. Muitos sonhos são analisados e interpretados. O que mais custou ao autor, portanto, foi o fato de que, devido ao sigilo com que deveria resguardar os sonhos de seus pacientes, Freud utiliza os próprios sonhos para dar seqüência à obra. Como o pesquisador que se contagia com a doença que pretende estudar, Freud se expõe aos efeitos de sua própria tese, tira as conseqüências de seus próprios sonhos trabalhando suas próprias neuroses. E corajosamente, nos expõe todo o processo. Não poucas vezes em sua correspondência confessa que prefere não publicar o livro, se mostra pessimista quanto às conseqüências de suas teses e apreensivo quanto à recepção que o livro teria no meio científico e em seu círculo familiar.

Suas preocupações se mostrariam fundamentadas. O livro vendeu 228 exemplares nos primeiros dois anos após sua publicação, e a tiragem de 600 exemplares demorou oito anos para ser esgotada. Não houve comentários em boletins científicos a seu respeito e as poucas menções ao trabalho raramente eram elogiosas. Somente dez anos depois, com o reconhecimento da importância de Freud e o fim do ostracismo a que foi entregue pela comunidade médica é que a obra passou à categoria de trabalho sério.

Esta acolhida, no entanto, é plenamente justificada. Freud se lançara em um caminho vedado à comunidade científica. Se preocupar com sonhos era uma coisa para poetas e artistas, nunca um cientista consideraria este um tema de trabalho. O romantismo alemão, em pleno vigor, tematizava a alma, as aspirações e os sonhos do homem alemão. A ciência, por sua vez, saía do tratamento moral da doença mental e entrava no organicismo. Neste contexto, as preocupações e métodos de Freud eram, no mínimo, excêntricos.

Freud, no entanto, não era um filósofo. Seu interesse pelos sonhos tem uma justificativa completamente científica. Seu rigor se demonstra em cada linha de seu texto na seriedade com que aceita tirar as conseqüências dos fatos, mesmo que em prejuízo de sua teoria ou de seu status médico. Um pouco da história envolvendo a obra e a própria psicanálise devem esclarecer este ponto.

(Augusto Cesar Freire é psicanalista associado ao Tempo Freudiano Associação Psicanalítica e doutorando em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Fonte do texto e Imagem
http://yvannasaraiva.blogspot.com/2008_12_01_archive.html

Interpretação dos Sonhos "Parte 1 "


Cem anos de inconsciente

Raras são as obras cujo centenário é lembrado e celebrado. "A Interpretação dos Sonhos" de Freud é uma delas. Para isto há várias razões. A data marca não apenas o centenário de uma obra, mas também o centenário do inconsciente e da própria psicanálise.

Para aqueles que não são familiarizados com a obra freudiana uma introdução à importância da obra será feita. Este endereçamento se refere ao fato de que todo e qualquer psicanalista, de toda e qualquer "corrente" desde sua criação até os dias de hoje reconhecem em "A Interpretação dos Sonhos" uma obra inaugural.

Trata-se de uma obra que traça o limite entre os artigos pré-psicanalíticos de Freud e o início da psicanálise. Na edição brasileira das obras completas de Freud (Editora Imago) encontra-se representada por dois volumes (IV e V), tendo sido também publicada em várias edições avulsas. Obra atual por sua obrigatoriedade na formação de todos os psicanalistas e mesmo psicólogos, pululam resenhas e comentários introdutórios. Quanto aos comentários, para os iniciantes pode-se destacar a Introdução à Metapsicologia Freudiana de Luiz Alfredo Garcia-Roza (Zahar Editores), com um volume inteiramente dedicado à "A Interpretação dos Sonhos".

A obra de Freud provoca uma ruptura absolutamente radical na maneira de abordar o homem em 25 séculos de pensamento. Todas as filosofias, toda a psicologia incipiente, toda a ciência até Freud se preocupava com o homem em seu aspecto consciente. Segundo o próprio Freud, o conceito de inconsciente e a formulação de que o homem não é senhor em sua própria morada tem importância equivalente às rupturas causadas pela passagem do teocentrismo para o heliocentrismo e pela comprovação da ascendência animal do humano.

Se há um texto, na obra de Freud, que possamos indicar como primeiro responsável por esta ruptura é "A Interpretação dos Sonhos". Nele encontramos a tese que se tornaria a mais popular (e mais mal utilizada): a do complexo de Édipo. Neste texto, também, Freud formula a divisão da mente entre o consciente e o inconsciente. É também ali que a clínica psicanalítica vai encontrar sua justificativa teórica, ainda que não fosse esta a preocupação inicial de Freud.


(Autor: Augusto Cesar Freire é psicanalista associado ao Tempo Freudiano Associação Psicanalítica e doutorando em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro)


Fonte da Pesquisa E Imagem
http://yvannasaraiva.blogspot.com/2008_12_01_archive.html

Reflexão

Estou aprendendo que a maioria das pessoas não gostam de ver um sorriso nos lábios do próximo.Não suportam saber que outros são felizes... E eles não! (Mary Cely)