Herbário Póetico

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domingo, maio 26, 2013

São necessárias as duas asas


Pergunta a Osho:
Por que eu só me sinto cheia de vida quando estou apaixonada? Eu digo a mim mesma que deveria ser capaz de me alegrar sem outra pessoa, mas ainda não consegui. Será que estou jogando comigo mesma o mesmo jogo estúpido de Esperando Godot? Quando o último caso de amor terminou, jurei para mim mesma que eu não deixaria o mesmo processo destrutivo acontecer novamente, mas eis-me aqui me sentindo outra vez só meio viva, esperando que "ele" venha.
A pessoa só continua necessitando do outro até esse ponto, até essa experiência, quando ela penetra no seu próprio centro interior. A menos que ela se conheça, vai continuar necessitando do outro.

Mas a necessidade do outro é muito paradoxal; a sua natureza é paradoxal.

Quando você está sozinha e se sente solitária, sente que o outro está faltando; a sua vida parece incompleta. Ela perde a alegria, perde o fluxo, o desabrochar; fica desvitalizada.

Se você está com outra pessoa, então surge outro problema, porque ele começa a invadir o seu espaço. Começa a lhe impor condições, começa a exigir coisas de você, a destruir a sua liberdade, e isso machuca.

Portanto, quando estiver com alguém, só durante alguns dias, quando ainda estiverem em lua de mel – e quanto mais inteligente você for menos durará a lua de mel –, lembre-se. Só pessoas absolutamente entorpecidas conseguem ter um relacionamento prolongado; para pessoas insensíveis, pode ser uma coisa para a vida inteira.

Mas, se você é inteligente, sensível, logo perceberá o que fez. O outro está acabando com a sua liberdade, e de repente você se dá conta de que precisa da sua liberdade, porque ela é valiosíssima. E você decide nunca mais dar importância para o outro.

Quando está sozinha, você está livre, mas algo fica faltando, porque a sua solidão não é solitude; é só solidão, é um estado negativo. Você esquece o que é liberdade. Livre você está, mas o que fazer com essa liberdade? Não existe amor, e ambos são necessidades essenciais.

até agora a humanidade viveu de maneira tão insana que você só conseguiu satisfazer uma necessidade: você pode ser livre, mas terá de abrir mão da ideia de amor.

Isso é o que os monges e freiras de todas as religiões estão fazendo: abra mão da ideia do amor e você será livre; não haverá ninguém para cerceá-lo, para interferir na sua vida, para fazer exigências, para possuir você. Mas aí a vida se torna fria, quase morta.

Você pode ir a um mosteiro e observar os monges e as freiras: a vida deles é feia. Cheira à morte; não é fragrante de vida. Não há dança, alegria, canção. Todas as canções desapareceram, toda alegria está morta. Eles estão paralisados – como podem dançar? Estão aleijados – como podem dançar?

Não há como dançar. As energias estão paradas, elas não estão mais fluindo. Pois o fluxo do outro é necessário; sem o outro não existe fluxo.

Por isso a maioria dos seres humanos optou pelo amor e abriu mão da ideia de liberdade. Mas agora as pessoas vivem como escravas. Os homens reduziram as mulheres a um objeto, uma mercadoria, e claro que as mulheres fizeram o mesmo de maneiras mais sutis: elas dominaram o marido.

Ouvi uma vez:
Em Nova York, alguns homens dominados pelas esposas se uniram. Criaram um clube para protestar, para lutar  o Movimento de Libertação dos Homens, ou algo assim! E é claro que eles escolheram um dos homens mais dominados para presidir o clube.

Marcaram a primeira reunião, mas o presidente não apareceu. Eles ficaram preocupados. Correram até a casa dele e perguntaram, "Qual o problema.? Você se esqueceu?"

Ele disse, "Não, mas a minha mulher não me deixou ir. Ela disse, 'Se você sair, eu não deixo você entrar'. E esse risco eu não posso correr".
O homem reduziu a mulher a uma escrava e a mulher reduziu o homem a um escravo. E é claro que ambos detestam a escravidão, ambos resistem a ela. Eles vivem numa luta constante; qualquer coisinha é desculpa para uma briga.

Mas a luta de verdade acontece num nível mais profundo; a luta de verdade é pela liberdade. Eles não podem dizer isso claramente, podem ter se esquecido completamente. Pois há milhares de anos é assim que as pessoas vivem. Elas viram o pai e a mãe vivendo assim, viram os avós vivendo assim. É desse jeito que as pessoas vivem; elas aceitaram, e a liberdade foi aniquilada.

É como se estivéssemos tentando voar com uma asa só. Algumas pessoas estão com a asa do amor e outras estão com a asa da liberdade, mas nenhuma delas consegue voar. São necessárias as duas asas.

Você me pergunta, "Por que eu só me sinto cheia de vida quando estou apaixonada?" Isso é perfeitamente natural;não há nada de errado nisso. É assim que deve ser.

O amor é uma necessidade natural; é como comida. Se você está com fome, claro que se sente irrequieta. Sem amor a sua alma está faminta; o amor é o alimento da alma. Assim como o corpo precisa de comida, água, ar, a alma precisa de amor.

Mas a alma também precisa de liberdade, e o mais estranho é que não aceitamos esse fato ainda.

Se você ama, não há por que destruir a sua liberdade. Os dois podem existir juntos; não existe antagonismo entre eles. Criamos esse antagonismo por causa da nossa loucura.

Por causa dele os monges acham que as pessoas mundanas são tolas; e as pessoas mundanas lá no fundoacham que os monges são tolos; eles estão deixando de aproveitar todas as alegrias da vida.

Perguntaram um dia a um grande sacerdote, "O que é o amor?"
Ele respondeu, "Uma palavra composta de duas vogais, duas consoantes e dois idiotas!"

Essa é a sua condenação do amor. Porque todas as religiões condenaram o amor, elas prezam demais a liberdade. Na Índia, chamamos a experiência suprema de mokshamoksha significa liberdade absoluta.

Você diz: "Eu digo a mim mesma que deveria ser capaz de me alegrar sem outra pessoa, mas ainda não consegui". E essa situação vai continuar assim, não vai se alterar. Você deve, em vez disso, mudar o seu condicionamento com relação ao amor e à liberdade.

Ame a pessoa, mas dê a ela total liberdade. Ame a pessoa, mas deixe claro desde o começo que você não está vendendo a sua liberdade.

E, se você não conseguir fazer com que isso aconteça nesta comunidade, aqui comigo, não conseguirá em lugar nenhum. Aqui estamos experimentando muitas coisas, e uma das dimensões da nossa experiência é fazer com que o amor e a liberdade sejam possíveis juntos, apoiar a coexistência deles.

Ame uma pessoa, mas não a possua, e não deixe que ela a possua. Insista na liberdade, e não perca o amor! Não há necessidade.

Não existe um inimizade natural entre a liberdade e o amor; essa inimizade foi criada. É claro que há séculos tem sido assim, por isso você se acostumou a ela; ela se tornou algo condicionado.
Havia um velho fazendeiro cuja voz não era mais que um sussurro. Curvado sobre a cerca que dava para uma estrada rural, ele observam uma dúzia de porcos selvagens num bosquete. Em intervalos de minutos os porcos espremiam-se por um buraco da cerca, atravessavam a estradinha em direção a outra parte do bosque e imediatamente corriam de volta.

"Qual o problema com aqueles porcos?", perguntou um estranho que passava.

"Problema nenhum", sussurrou o fazendeiro com a sua voz rouca. "Aqueles porcos são meus e antes de perder a voz eu costumava chamá-los na hora da comida. Depois que fiquei sem voz, passei a bater com uma vara na cerca na hora de alimentá-los.

Ele fez uma pausa e balançou a cabeça com ar grave. "E agora, esses malditos pica-paus trepados nas árvores estão deixando esses pobres porco malucos!"
Nada além de condicionamento! Isso é o que acontece com a humanidade.

Um dos discípulos de Pavlov, o pioneiro e fomentador da teoria do reflexo condicionado, estava tentando um experimento na mesma linha. Ele comprou um filhote de cachorro e decidiu condicioná-lo a ficar de pé e latir pedindo comida.

Ele segurava a comida do filhote fora do alcance dele, latia algumas vezes e depois a colocava no chão diante do cão. A ideia era que o filhote associasse o ato de ficar de pé e de latir com o de ser alimentado e aprendesse a fazer isso quando estivesse com fome.

O treinamento se prolongou por cerca de uma semana, mas o cachorrinho não conseguiu aprender. Depois de mais uma semana, o homem desistiu do experimento e simplesmente colocou a comida no chão, em frente ao cachorro. O cachorro, no entanto, se recusou a comer. Ele estava esperando que o mestre ficasse de pé e latisse! Agora já estava condicionado!

Trata-se apenas de um condicionamento. Pode ser eliminado. Você só precisa ficar um pouco mais meditativa.

Meditação simplesmente significa o processo de descondicionamento da mente. Tudo o que a sociedade fez com você pode ser desfeito. Quando não estiver mais condicionada, você será capaz de ver a beleza do amor e da liberdade juntos; eles são dois aspectos da mesma moeda.

Se você realmente ama a pessoa, dará a ela total liberdade – essa é uma dádiva de amor. E, quando existe liberdade, o amor responde intensamente. Quando você dá liberdade a alguém, dá a ele o mais precioso dos presentes, e o amor vem correndo ao seu encontro.

Você me pergunta: "Será que estou jogando comigo mesma o mesmo jogo estúpido de Esperando Godot?" Não.

"Quando o último caso de amor terminou, jurei para mim mesma que eu não deixaria o mesmo processo destrutivo acontecer novamente, mas eis-me aqui me sentindo outra vez só meio viva, esperando que 'ele' venha."
Mas você não consegue mudar a si mesma só fazendo uma jura, só porque decidiu.

Você tem que entender. O amor é uma necessidade básica, assim como a liberdade, por isso ambas precisam ser atendidas.

E a pessoa que é cheia de amor e é livre é o mais belo fenômeno que existe neste mundo.

E, quando duas pessoas com essa beleza se encontram, o relacionamento delas não é um relacionamento. É um fluxo constante, como a correnteza de um rio. Está constantemente atingindo maiores altitudes.

A altitude suprema do amor e da liberdade é a experiência do divino. Nela você encontrará um tremendo amor, amor absoluto, e felicidade absoluta.

Osho, em "A Essência do Amor: Como Amar com Consciência e Se Relacionar Sem Medo"
Imagem por slopjop

Reflexão

Estou aprendendo que a maioria das pessoas não gostam de ver um sorriso nos lábios do próximo.Não suportam saber que outros são felizes... E eles não! (Mary Cely)