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domingo, março 25, 2012

Os Três Refúgios













 Na tradição budista praticamos os Três Refúgios: Eu busco refúgio no Buda. Busco refúgio no Dharma. Busco refúgio na Sangha. Sempre digo que buscar refúgio não é propriamente um problema de crença. É um problema de prática. Não significa ter que declarar a fé no Buda. Vocês precisam realmente buscar refúgio no Buda. Mas o que significa buscar refúgio no Buda? Como isso é feito?

Quando olhamos profundamente, vemos que os Três Refúgios podem ser compreendidos de duas maneiras. Uma é a prática de buscar proteção. Desejamos ser protegidos. A vida é cheia de perigos, não sabemos o que nos acontecerá hoje ou amanhã, e por isso temos a sensação de viver na insegurança. Todos temos a necessidade de refúgio, de buscar proteção interior. Por isso, refugiar-se no Buda significa buscar segurança no Buda.
Depende de como percebemos e compreendemos o que e quem é o Buda, bem como se a nossa prática é mais ou menos profunda e podemos fazer a distinção entre "budismo popular" e "budismo profundo". Estas duas coisas não são necessariamente opostas. Em princípio, podemos pensar que o Buda é diferente de nós - outra pessoa. Algumas pessoas talvez pensem que o Buda é um Deus, e outras sabem que o Buda é um ser humano como nós, mas alguém que praticou e alcançou um nível muito elevado de iluminação, compreensão e compaixão. Entretanto, pensamos que aquela pessoa é alguém diferente de nós e que temos que ir ao seu encontro em busca de refúgio: Buddham Saranam Gacchami. Vou ao encontro do Buda em busca de refúgio.
Se praticarem direito, algum dia chegarão a compreender que o Buda realmente não é outra pessoa. O Buda está entre nós, porque a substância da qual o Buda é feito é a energia da plena atenção, da compreensão e da compaixão. Se praticarem direito e prestarem atenção a Buda, saberão que a natureza do Buda está dentro de vocês. Vocês têm a capacidade de despertar, de ter compreensão e compaixão. Por isso, agora fizemos progresso e estamos buscando o Buda dentro de nós. Buda deixa de ser o outro. Buda pode ser encontrado em qualquer lugar, especialmente dentro de você mesmo. A não ser que você entre em contato com a natureza de Buda ou com a comunidade budista, você não poderá chegar a Buda. Se Shakyamuni, o Buda histórico, possui a natureza do Buda, vocês também têm a sua própria natureza de Buda. É onde teremos que chegar.
Quando começamos, dizemos: "Refugio-me no Buda." Posteriormente dizemos: "Refugio-me no Buda dentro de mim." É por isso que os chineses, japoneses, vietnamitas e coreanos cantam quando recitam os Três Refúgios. "Refugio-me no Buda dentro de mim."
"Refugio-me no Buda, aquele que me mostra o caminho nesta vida." “Aquele" que me mostra o caminho nesta vida começa por ser Shakyamuni, o Iluminado. Mas se vocês praticarem bem conseguirão progredir. Então saberão que ele não é outra pessoa, porque têm a natureza do Buda dentro de vocês e se refugiam nesta natureza interior. Torna-se uma experiência direta, e o objeto da sua fé deixa de ser uma idéia sobre uma pessoa chamada Shakyamuni, uma idéia sobre a característica do Buda, sobre a natureza do Buda. Neste momento não estarão tocando a natureza do Buda como uma idéia, mas como uma realidade. A natureza do Buda é a capacidade de estar desperto, consciente, concentrado e sensato. E sabem muito bem que aquela é a realidade que podem tocar dentro de vocês mesmos a qualquer momento.
Nós apresentamos uma nova tradução para os Três Refúgios no Livro de Cantos para o Ano 2000: Refugiando-me no Buda interior; desejo que todos sejam capazes de reconhecer a natureza da iluminação dentro de vocês mesmos e que, muito em breve, consigam a mais intensa disposição para a iluminação, Bodhicitta. Refugiar-se no Buda significa tocar a natureza do Buda em vocês, tocar a semente da iluminação em vocês, ter uma experiência direta da natureza desta iluminação, para que obtenham e abram o pensamento para a iluminação, para a profunda impressão da iluminação. Bodhicitta é o desejo mais profundo em cada um de nós, o desejo de nos tornarmos despertos, conscientes, de nos libertarmos do sofrimento e ajudar os seres vivos.
Buscar refúgio no Buda desta maneira será a prática de gerar a energia do amor. Vêem o sofrimento em vocês mesmos e ao seu redor, e estão determinados a dar um fim neste sofrimento, entrando em contato com a natureza da compreensão, da compaixão e da iluminação em vocês. Assim, tornam-se propensos à iluminação, e isso desperta o interesse em se tornar um Bodhisattva, para trazer alívio e transformação a todos os seres vivos. É uma afirmação muito poderosa e uma prática também muito poderosa. Uma vez plenos da energia de Bodhicitta, tornam-se imediatamente um Bodhisattva.
"Obter a mais intensa disposição para a iluminação" quer dizer de um modo bastante direto que a mente mais elevada é Bodhicitta - a produção da mente do amor. Sabemos de imediato que não se limita a uma simples fórmula a ser recitada ou a uma tentativa de buscar refúgio ou proteção. É muito mais do que isso. Significa proteção, claro, mas é o tipo mais elevado de proteção. Quando entenderem que têm a natureza do Buda dentro de vocês, quando souberem que a energia da mente do amor está em vocês, então se tornarão um Bodhisattva e conseguirão enfrentar qualquer espécie de perigo ou dificuldade.
Refugiando-me no Dharma interior, desejo que todos aprendam e dominem os portais do Dharma, e assumamos, juntos, o compromisso com o caminho da transformação. Quando vocês querem realmente se refugiar no Dharma, precisam aprender e dominar todos estes ensinamentos e práticas oferecidos pelo Buda e a Sangha. “Assumamos juntos o compromisso com o caminho da transformação" significa que a prática deve ser contínua, todos os dias da nossa vida, e que o trabalho de transformação deve ser feito todos os dias. Então não é apenas um problema de crença, de proteção, mas de prática. O Dharma é para ser praticado. Uma simples declaração não ajuda muito. É fundamental que vivam conforme a afirmação que fizeram.
Refugiando-me na Sangha interior, desejo que todos sejam capazes de erigir as quatro comunidades, orientando, admitindo, educando e transformando todos os seres vivos. As quatro comunidades são a Sangha dos monges, das monjas, dos homens leigos e das mulheres leigas.
Quando vocês recitam o Terceiro Refúgio, sabem que têm coisas a fazer. Seu trabalho é ajudar a construir a Sangha, porque a Sangha é o único instrumento através do qual podem compreender o ideal do Buda e o Dharma. Uma Sangha verdadeira é como um veículo transportando o Buda e o Dharma. Sem a Sangha não podemos ajudar os seres vivos. Não podemos fazer o trabalho de transformação no mundo. Por isso, quando se refugiam na Sangha precisam realmente participar do trabalho de construção da Sangha. É necessário que usem seus talentos para reunir, envolver e torná-lo um corpo sólido. Também significa educar, transformar e fazer com que a Sangha seja mais bonita.
Se fizermos uma pequena comparação com a tradução antiga, veremos algumas diferenças. A tradução antiga diz: "Quando me refugio no Dharma interior, fico ansioso para que todos sejam capazes de penetrar profundamente na tripitaka, os três cestos, e sua sabedoria será tão grande quanto o oceano." A nova frase é uma fórmula mais prática. Quando vocês se refugiam no Dharma, não têm apenas que aprender os Sutras, precisam realmente estar familiarizados e dominar as práticas concretas, os portais do Dharma. E, junto com outras pessoas, empenham-se no caminho da compreensão. Não é suficiente desejar que todos sejam capazes de penetrar profundamente nos três cestos, que consistem no discurso e na percepção dados pelo Buda, bem como na apresentação sistemática dos seus ensinamentos transmitidos um século após o seu falecimento. Significa que você pode ser um líder, unificar e liderar a Sangha e que não existem obstáculos - e fazê-lo livremente.
Se você se considera um bom praticante, então a construção da Sangha é o seu trabalho. Onde quer que esteja, precisa investir o seu tempo e energia na construção da Sangha. Você organiza os quatro componentes da Sangha: monges completamente ordenados, monjas totalmente ordenadas, homens leigos e mulheres leigas. Você reúne estes quatro componentes e admite, educa e transforma seres vivos.
Recordemos o que discutimos no dia de Natal sobre a prática das Cinco Faculdades: fé, aplicação, plena atenção, concentração e percepção. Fiel ao princípio, precisamos buscar a maneira de prosseguir. O princípio é estabelecido no início. O objeto da fé não deve ser uma noção pura e simples, uma mero conceito ou uma idéia. Deve ser uma verdadeira percepção da realidade, verdadeira experiência direta.
De forma que quando alguém diz "Creio no Buda. Creio no Dharma. Creio na Sangha", o Buda, o Dharma e a Sangha não devem ser simples idéias se vocês realmente querem evoluir. "Creio na natureza da iluminação inerente dentro de mim" pode ser uma declaração de fé feita por budistas. Juntamente com aquela declaração, a pessoa precisa praticar, precisa ser capaz de tocar e reconhecer a natureza da iluminação dentro dela mesma; caso contrário, não será uma prática, será apenas uma declaração, nada mais que uma idéia.
Qual é a natureza da iluminação? Existem tantas pessoas, inclusive budistas, que falam sobre a natureza da iluminação, mas que na verdade não sabem o que é - o que é a característica budista. A natureza da iluminação é o que temos e podemos tocar na via cotidiana. Já sabemos que plena atenção é a energia que podemos gerar dentro de nós. Quando caminhamos meditando, temos consciência de cada passo que damos. Caminhar meditando é o que você e seu filho podem fazer. Você sabe que a plena atenção é algo real e não uma simples idéia, e que, se for bem trabalhada, pode desenvolver a força da plena atenção todos os dias, transformando-a em uma fonte poderosa de energia dentro de você.
Aqui em Plum Village temos uma canção que diz que a plena atenção é o Buda. Ao gerar esta energia, você traz Buda ao momento presente como a energia de proteção que o orientará e apoiará. Você quer proteção, mas qual o tipo de agente que o está protegendo? Uma noção? Não, uma noção não é suficiente para protegê-lo. Nem mesmo a noção do Buda, de Deus, do Espírito Santo são suficientes para protegê-lo. Você precisa de algo mais concreto do que uma noção para que a proteção seja real.
Você sabe que a plena atenção é a energia que pode nos proteger. Quando está dirigindo, é a plena atenção que evita acidentes. Se você é um trabalhador manual em uma fábrica, é a plena atenção que evita acidentes. Conversando com alguém, a plena atenção ajuda a não fazer declarações que podem provocar o rompimento do relacionamento. A plena atenção, então, é o Buda, o agente para a proteção. É o Buda, não como noção, mas como algo verdadeiro, real. Ao tocar a natureza da plena atenção interior, você sabe que está sobre uma base sólida.
Todos os Budas e Bodhisattvas afirmam que vocês têm, interiormente, a natureza da iluminação. A natureza da iluminação é a base dos seus seres e da sua prática. Se estão de posse disto, não há motivo para ficarem confusos. Desta base, a energia da plena atenção, da concentração e da sabedoria pode nascer como um agente protetor. Também significa que têm uma orientação a seguir. Sem uma orientação, estão perdidos. Não podem ser felizes. É muito importante saber aonde ir; caso contrário, sofrerão muito. Esta é a natureza da fé como compreendida nos ensinamentos de Buda.
Quando se refugiam em Buda, vocês reorganizam a própria base, o solo onde pisam, a natureza da iluminação. Em segundo lugar, estão protegidos pela energia da plena atenção, da concentração e da percepção. Em terceiro lugar, vocês têm uma orientação, têm fé. Sabem para onde ir. Cada passo os aproxima da iluminação perfeita, da firmeza, da liberdade. Quando começam a produzir a energia da iluminação, começam a gostar, a gostar destas três coisas, o caminho da firmeza, da liberdade e da alegria.
(Do Livro “Jesus e Buda Irmãos” – Thich Nhat Hanh)
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Fonte da minha pesquisa: http://sangavirtual.blogspot.com
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Estudos Budistas
Tradição do Ven. Thich Nhat Hanh

Reflexão

Estou aprendendo que a maioria das pessoas não gostam de ver um sorriso nos lábios do próximo.Não suportam saber que outros são felizes... E eles não! (Mary Cely)