Herbário Póetico

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Inteligentes &Perpicazes

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segunda-feira, novembro 21, 2011

ORI - CIÊNCIA DE VIVER









I - Atitudes diante da necessidade

Estar vivo implica ter necessidades. As necessidades são impositivas, inescapáveis. Por isso, é fundamental aprender a lidar com elas. Aqui vão alguns fundamentos práticos para isso;
(1): É preciso cultivar a paciência, pois, se existem necessidades que conseguimos satisfazer rapidamente, muitas outras exigem que saibamos esperar.
(2): Saber esperar exige perseverança, capacidade de não desistir, de não desanimar.
(3): Devemos compreender que certas necessidades exigem que acumulemos méritos por muito tempo.
(4): Outras cobram de nós que nos fortaleçamos.
(5): Outras ainda que nos transformemos.
(6): E não se esqueça de cultivar sempre a autoconfiança, a firmeza e a consciência. Seguindo este cardápio, cedo ou tarde a maioria de nossas necessidades será satisfeita e, para nosso alívio, algumas delas perderão completamente a importância. “Aprenda a lidar com as necessidades sem se deixar arrastar por elas”.
II - A atitude de educar-se e de educar os outros
Educar-se é ter permanentemente a sua disposição uma fonte de água pura e cristalina. A sede de conhecer, de saber, de compreender deveria ser sempre estimulada, apoiada, pois ela torna os homens verdadeiramente humanos. Na medida em que bebemos das águas do conhecimento, elas podem, por nosso intermédio, se alargar, crescer, tornar-se um grande rio fluente que irá nutrir um incontável número de seres humanos. Na verdade, quem se educa acaba educando os outros, pois é levado a beneficiar seus semelhantes de várias maneiras. Por isso, educar-se é não apenas nobre, mas necessário, imprescindível mesmo. É também uma forma de retribuirmos à humanidade o que dela recebemos.
I - A felicidade “Lembre-se diariamente que não há caminho para a felicidade; pelo contrário, a felicidade é o caminho”. Acreditamos, equivocadamente, que a felicidade é um estado que alcançaremos um dia, caso aconteçam algumas coisas que desejamos. Com essa atitude, vivemos tensos todos os dias de nossa vida, lutando para obter o passaporte para a felicidade. E a experiência nos mostra que os que tiveram a chance de realizar aquilo com que sonhavam logo se desiludiram e recomeçaram a procurar a felicidade em alguma outra quimera. Na verdade, a felicidade é um estado de espírito, uma disposição interior. É uma atitude diante da vida, do imenso privilégio de estar vivo. É o agradecimento que se faz diariamente por poder participar da vida neste planeta que é tão belo, embora, muitas vezes, tão desafiador. Felicidade é gostar de sorrir, é ser grato por existir. É, pois, um estado interior que pode ser cultivado diariamente. Só depende de sua atitude!
II - Não pense negativamente
Não invista sua energia na idéia de crises e infortúnios. Em vez disso, perceba que há, neste planeta, inúmeras possibilidades de progresso, e que são praticamente inesgotáveis. Existe, ao nosso redor, um poço sem fundo de novas idéias, que estão a nossa espera. Por isso, pense “progresso”, “prosperidade”, “possibilidades”. Fazendo isso, você naturalmente acessará a criatividade que dormita no fundo do seu ser.
III - A autoimportância é um problema
Todos nós temos de procurar encontrar nosso valor específico como indivíduos que somos. Isso é humano e natural. Mas é errado confundir essa atitude com a auto- importância. A autoimportância é uma força insaciável, pois está sempre exigindo que tenhamos mais poder, mais prestígio, mais fama, mais dinheiro, mais afeto, ou seja, mais tudo. Além disso, a autoimportância nos isola dos demais sem percebê-lo, pois nos convence de que somos superiores a todos, fazendo-nos viver uma ficção dolorosa e estéril. Dessa forma, vivemos em conflito com tudo e com todos, pois vemos em tudo uma ameaça em potencial a nossa autoimportância. Se refletirmos sobre isso, estaremos preparando terreno para que ela se torne menos tirana em nossa vida. Se acrescentarmos a essa visão o fato de podermos fazer decrescer dentro de nós o medo de não termos valor, nosso processo de libertação avançará a passos largos. “Nade liberto e feliz entre os obstáculos da vida”.
I - Saber qual é a medida justa
Saber qual é a medida justa para cada coisa, para cada situação, para cada ato é uma qualidade importantíssima. Precisamos colocar limites no que precisa ser limitado, abrir o que precisa ser aberto, atravessar as dificuldades da vida sem ser derrotado ou seriamente machucado. A medida justa tem, portanto, duas faces: por um lado precisamos refrear os excessos e, por outro, abrir possibilidades. Nesse sentido, podemos nos comparar a um carro que precisa ter breque, mas precisa também ter acelerador. Se praticarmos essa atitude, poderemos atravessar melhor qualquer crise que se apresente.
II - Ser capaz de se por de acordo
O acordo entre pessoas é a base do sucesso para qualquer iniciativa. Estar de acordo é o segredo da empresa bem sucedida, do casamento estável, do empreendimento artístico de sucesso e de muitas outras coisas. Estar de acordo fará superar todas as dificuldades que um casal obrigatoriamente encontrará na vida ou que uma empresa, ou de qualquer outro tipo de sociedade terá de enfrentar. Por isso, se pudermos desenvolver essa atitude em nós mesmos, se pudermos ser aquele que sempre procura estar de acordo, seremos estimados e valorizados de forma extraordinária. “Colocar-se de acordo com as pessoas e com a natureza é ficar em harmonia com o Todo”.
III - A busca do progresso
“Nunca desencoraje quem faz progressos contínuos, não importando quão lentamente o faça”. A busca constante do progresso, do aperfeiçoamento, de uma melhor qualidade é o segredo para estarmos mais vivos a cada novo dia. Quando não temos essa atitude como força motora, estamos estagnados sem percebê-lo. Por sermos humanos, somos dotados de uma capacidade de desenvolvimento ilimitada, em múltiplas direções. Se ignorarmos esse fato, limitando-nos a uma repetição mecânica de velhos atos monótonos, se nos deixarmos acomodar na “mesmice”, perderemos o brilho do olhar, pois estaremos perdendo o sabor de estar vivo. Andaremos e nos moveremos, mas não estaremos vivos de fato.
IV - As três faces da vida
“As mentes pequenas são subjugadas e vencidas pelos infortúnios, mas as grandes mentes erguem-se acima deles”. O fluir da vida nos oferece, basicamente, três cenários: infortúnios, momentos de boa-sorte e fases neutras. Cada um de nós passa, necessariamente, por coisas desagradáveis, agradáveis ou neutras. Se compreendermos esse fato com clareza, ou seja, que a Grande Dama chamada Vida tem três faces, os momentos difíceis ─ as chamadas crises ─ terão um impacto muito menos doloroso sobre nós. É fundamental que isso fique bem claro em nossa inteligência, pois a inteligência é a principal arma do ser humano. Armados dessa compreensão, ou seja, de que os cenários da vida se alternam para TODOS os seres humanos, poderemos nos elevar acima dos acontecimentos e continuarmos nosso caminho, seja ele qual for.
I - A atitude do essencial
De tempo em tempo, é muito útil, para nosso bem-estar, nos examinarmos com cuidado, para podermos discernir o que é realmente essencial em nós do que nos veio por intermédio do processo de educação, ou seja, pelos condicionamentos a que fomos submetidos. Desse ponto de vista, podemos dizer que temos dois lados: um que nos é inerente, e, portanto, genuíno, e outro que nos foi implantado de fora. O processo de nos implantarem algo é normal e universal. A grande vantagem, porém, de nos tornarmos adultos é que adquirimos a capacidade de olhar para nós mesmos a fim de perceber o que nos foi imposto por esse processo e o que é genuinamente nosso. Se exercitarmos esse olhar, pouco a pouco iremos distinguindo melhor o que de fato desejamos do que nos foi ensinado que deveríamos desejar; o que de fato pensamos em contraposição ao que todos pensam ao nosso redor; começamos a distinguir o que de fato amamos do que nos foi ensinado a amar; o que de fato somos daquilo que dizem que somos. Se praticarmos a atitude de olhar para nós mesmos, iremos, pouco a pouco, abandonando tudo o que não nos pertence. E isso nos tornará imensamente livres!
II - A atitude que pode nos levar à abundância
Se formos capazes de trabalhar com intensidade e, ao mesmo tempo, refinar nossa inteligência, cedo ou tarde a abundância e a riqueza virão até nós. Em outras palavras, precisamos cultivar, ao mesmo tempo, a nossa força e a nossa luz. Desenvolver a inteligência implica aprender a distinguir o verdadeiro do falso, o necessário do supérfluo, o certo do errado, o justo do injusto. Desenvolver a força significa não permitir que nossa energia de progresso degenere em avidez destemida; que nosso natural anseio por coisas boas não decaia em prazeres descontrolados; que nosso empenho em avançar não destrua nosso caráter. Se buscarmos essa atitude e a abundância vier nos beneficiar, poderemos dar o próximo passo que é manter a riqueza adquirida. Nessa etapa, é decisivo saber distinguir o que é real do que é apenas aparência.
III - A atitude não conflituosa
Podemos agir cotidianamente a partir de uma atitude belicosa, conflituosa, sem ao menos percebê-lo. Isso é muito comum entre as pessoas e é mais fácil notar essa atitude nos outros do que em nós mesmos. Vale, pois, a pena nos examinar para detectar esse tipo de disposição, escondida subterraneamente em nós mesmos. O fato é que uma atitude mais harmônica nos torna mais descontraídos, mais leves, mais agradáveis e o mundo ao nosso redor reage a isso de forma muito positiva. Estar em conflito é estar rígido. Estar em harmonia é estar relaxado. A disposição conflituosa é carrancuda enquanto a harmônica é sorridente. Podemos optar pela melhor disposição, mas, se não percebermos nossas atitudes subjacentes, como poderemos optar?
IV - A atitude de lidar com os obstáculos
Sempre existirão obstáculos em nosso caminho, por isso, é decisivo aprender a lidar com eles. Para isso, o primeiro passo consiste em sermos capazes de prevê-los, se não todos, pelo menos alguns deles. O fato de prevermos aumenta nossa força e diminui o impacto desagradável que uma oposição sempre nos causa. O segundo passo consiste em não batermos de frente contra as barreiras. É preciso respeitá-las e contorná-las. O terceiro passo consiste em sabermos quando agir contra aquilo que está opondo-se e quando devemos prudentemente nos retirar da situação. O último passo consiste em ficarmos preparados para jamais desistir totalmente de nosso intento, apoiados na convicção de que a perseverança faz milagres. “Se tivermos a força e a clareza necessárias, enfrentaremos com sabedoria os obstáculos que a vida nos impõe”.
I - A atitude de manter-se aberto
Estar fechado significa estar cheio de conceitos e rótulos de todo tipo, o que implica fazer julgamentos, sem parar. Esse fechamento tem como conseqüência direta uma contração afetiva, ou seja, gera barreiras emocionais que nos separam de tudo e de todos, tornando-nos verdadeiras ilhas humanas. Para que isso não aconteça, podemos nos inspirar na montanha que, por ser sólida e confiante, está aberta de todos os lados.
II - A atitude de nutrição
Todo ser humano tem necessidade de nutrir-se. Mas não necessitamos apenas do alimento físico: precisamos também alimentar nosso intelecto e nossa afetividade. Sabendo disso, devemos procurar nos alimentar bem em todos os sentidos. Para isso, precisamos aprender a ser cada vez mais inteligentes e a nos empenhar em desenvolver um coração cada vez mais afetivo. Para completar, vamos estimular os outros a fazerem o mesmo.
III - A atitude de clareza
É delicioso encontrar alguém que tenha clareza de espírito e de coração. Tudo que emana dessa pessoa faz bem para a nossa cabeça e o nosso coração. A receptividade dela nos acolhe e sua compreensão nos conforta. E o mais cativante é que ela nos mostra que podemos também ser totalmente claros.
IV - A atitude de saber manter-se à distância
Muitas vezes nos queixamos de alguém que nos fez algo desagradável. Geralmente essas coisas acontecem porque permitimos nos envolver com algumas pessoas de má qualidade ou com outras que são excelentes, mas confusas. Por isso, existe a arte de manter certo recuo, de manter certa distância em relação a algumas situações. Isso exige muita firmeza de nossa parte. Essa firmeza, porém, não pode descambar em má vontade e intolerância. Manter-se firme significa ter o controle interno dos nossos atos, enquanto, externamente, permanecemos tolerantes e generosos. “Mantenha-se firme em seu centro e o mundo à sua volta vai girar harmonicamente.


Texto: Paulo e Lauro Raful
http://www.ogrupo.org.br

sábado, novembro 19, 2011

O que é a vida?







Essa questão tem uma história sabidamente longa e turbulenta, estimulando poetas e céticos, filósofos e mecânicos quânticos, biólogos e místicos, a oferecer um desnorteante pot-pourri de explicações radicalmente diferentes. A vide é um fenômeno único e fundamentalmente diferente da não vida, opinou o filósofo francês Henri Bergson. Bergson teorizou que a vida é irresistivelmente impelida a níveis cada vez mais altos de realização evolutiva por uma misteriosa força vital (élan vital), que é inteiramente ausente na matéria não viva [1].

Absurdo, objetou o cético Robert Morrison. A palavra vida é apenas uma convenção lingüística que empregamos para descrever uma classe especial de objetos materiais que têm algumas incomuns características termodinâmicas e comportamentais. Além do fato de partilharem certas propriedades, as coisas vivas são indistinguíveis de pedras sem vida:

“A vida não é uma coisa ou um fluido mais do que o calor o é. O que observamos são alguns conjuntos incomuns de objetos separados do resto do mundo por certas propriedades peculiares, como crescimento, reprodução e maneiras especiais de lidar com a energia. Esses objetos, escolhemos chamar de coisas vivas [2]”.

A arma secreta da vida, concluiu o pioneiro da física quântica Erwin Schrödinger num livro intitulado What Is Life? [O Que é a Vida?], é sua capacidade única de metabolizar: exportar desordem para o ambiente circundante em forma de calor irradiado e excrementos enquanto importa ordem desse ambiente em forma de alimento e energia [3].

[...] O livro de Schrödinger foi uma inspiração para toda uma geração de cientistas que criaram, basicamente a partir do zero, o enorme empreendimento científico hoje conhecido como biologia molecular. Em particular, Schrödinger antecipou e inspirou a épica façanha de James Watson e Francis Crick: a descoberta da estrutura do DNA.

[...] Watson revelou que foi a conjectura de Schrödinger que inspirou seu insight:

“Schrödinger argumentou que a vida pode ser pensada em termos de armazenamento e transmissão de informações biológicas. Os cromossomos seriam assim meros portadores de informação... o livro de Schrödinger teve muita influência. Muitos dos que seriam os principais atores do Primeiro Ato do grande drama da biologia molecular, inclusive Francis Crick (ele mesmo um ex-físico), leram What Is Life? e ficaram impressionados, como eu”.

Watson tirou uma importante conclusão filosófica de sua descoberta do fundamento molecular da vida e da hereditariedade: que a vida não é tão diferente assim da não vida, e que a matéria viva não abriga segredos inerentemente impenetráveis:

“Nossa descoberta põe fim a um debate tão antigo quanto a espécie humana: Será que a vida tem alguma essência mágica, mística, ou é, como qualquer reação química produzida numa aula de ciências, o produto de processos físicos e químicos normais? Haverá alguma coisa divina numa célula que a traga a vida? A dupla hélice respondeu a essa pergunta com um definitivo Não”.

Ironicamente, seu mentor intelectual (Schrödinger) chegou precisamente à conclusão oposta em What Is Life?, ao observar que a característica que define a vida – sua capacidade para produzir e prolongar a existência de uma ilha de ordem contínua, incessantemente fustigada por um mar de aleatoriedade e de desordem movida a entropia – é uma forte evidência da existência de um “novo tipo de lei física” que governa o comportamento da matéria viva [4].

***

[1] Mesmo antes da descoberta do DNA, muitos filósofos antigos e recentes têm concebido esta idéia de uma força vital a impulsionar os seres a evoluir. Schopenhauer, por exemplo, fala em uma força que nem sempre está interessada em nossa felicidade – tudo o que ela “deseja”, em realidade, é garantir a procriação da espécie. Desnecessário dizer que muitos biólogos evolutivos concordam com ele.

[2] Há muitos que se dizem materialistas, crendo que isso significa simplesmente que não crêem em espíritos ou assombrações. Outros acham que ser materialista significa dar grande valor a bens materiais e riquezas, etc. Não, ser materialista significa crer que apenas a matéria já detectada explica todo o funcionamento da vida e da consciência. Sim, detectamos apenas em torno de 4% da matéria do universo, os materialistas têm uma fé enorme nesta aposta... Dito isso (e também considerando que nem todos os céticos são materialistas), para reduzirmos seres a coisas, consciências a máquinas biológicas, antes é preciso comprovar que coisas ou máquinas são capazes de interpretar informações e elaborar respostas morais e emocionais em geral, ao invés de apenas computar informações e/ou imitar comportamentos de seres que consideramos vivos. Para começar, seria bom alguma máquina finalmente passar no teste de Turing.

[3] Geralmente se considera esse mecanismo anti-entrópico singular dos seres vivos apenas no campo da ordem do organismo em si. Se fomos pensar em toda a ordem de armazenamento de informações no cérebro, independente de entropia “exportada” para fora do corpo, temos uma outra grandeza de ordem a ser analisada. Poucos cientistas pensam nisso...

[4] Moral da história: “Pouca ciência afasta, muita ciência aproxima”... De que afasta? De que aproxima? De Deus (seja como for), do Cosmos, dos mistérios ainda insondáveis da natureza, daquilo que somente os grandes gênios da ciência ousam considerar...

***

Crédito da imagem: Bill Varie/Corbis

Texto de James Gardner em "O universo inteligente" (Ed. Cultrix) – Trechos das pgs.53 a 55. Tradução de Aleph Eichemberg e Newton Eichemberg. As notas ao final são minhas.


http://textosparareflexao.blogspot.com/2010_08_01_archive.html

terça-feira, novembro 15, 2011

Meditação é uma experiência





Você não acredita em Deus? Isso não é um obstáculo à meditação.

Não acredita na alma? Isso também não é um obstáculo à meditação.

Não acredita em coisa alguma? Isso não é um obstáculo.

Você pode meditar, porque a meditação simplesmente diz como ir para dentro: não importa se ali existe ou não uma alma; se existe ou não um Deus, não importa.

Uma coisa é certa: você existe. Se você existirá ou não depois da morte não importa. Só uma coisa importa: neste exato momento, você existe.

Quem é você? Entrar em você é meditação — entrar mais fundo em seu próprio ser. Talvez ele seja apenas momentâneo; talvez você não seja eterno; talvez a morte ponha um fim em tudo.

Não impomos nenhuma condição na qual você deva acreditar. Dizemos apenas que você tem de experimentar. Simplesmente tente!

Um dia, acontece: os pensamentos não mais estão presentes. E subitamente, quando os pensamentos desaparecem, o corpo e você estão separados — porque os pensamentos são a ponte. Através deles você se une ao corpo; esse é o elo.

De repente o elo desaparece — você está presente, o corpo está presente, e há um abismo infinito entre os dois. Então, você sabe que o corpo morrerá, mas que você não pode morrer.

Então, isso não é algo como um dogma; não é um credo, é uma experiência — incontestável. Nesse dia, a morte desaparece; nesse dia, a dúvida desaparece, porque, agora, você não tem de estar sempre se defendendo. Ninguém pode destruí-lo, você é indestrutível.

Então surge a confiança, ela transborda. E confiar é estar em êxtase; confiar é estar em Deus; confiar é sentir-se preenchido.

Por isso não digo para cultivar a confiança. Digo para experimentar a meditação.


Osho, em "O que é Meditação?"
Imagem por Robert S. Donovan




http://www.palavrasdeosho.com/2010/01/meditacao-e-uma-experiencia.html

quinta-feira, novembro 10, 2011

# Um Facto

& Aromas

HERANÇA E REENCARNAÇÃO






Mais uma vez o talentoso Rolando Boldrin interpreta de um jeito exclusivo e perfeito, a mensagem de Cornélio Pires (ESPÍRITO) psicografada por Chico Xavier. A poesia, cheia de sabedoria, nos ensina a valorizar a herança das atitudes nobres, de um tesouro que o ladrão não rouba nem a ferrugem consome, já que normalmente heranças envolvendo bens materiais acirram ânimos na disputa separando ao invés de unir familiares e parentes.




http://www.cristovamaguiar2.blogspot.com/

segunda-feira, novembro 07, 2011

Objetividade relativa


Texto de Miguel Nicolelis em "Muito além do nosso eu” (Ed. Cia. das Letras) – Trechos das pgs. 449 a 453.
Os comentários ao final são meus.

Sem dúvida alguma, as teorias da relatividade especial e geral de Albert Einstein representam a maior expressão de sucesso de uma versão do pensamento relativístico criada pela mente humana [1]. [...] Essencialmente, para Einstein, nem o tempo nem o espaço são absolutos. Assim, a relativização do tempo e do espaço explicam uma série de efeitos contraintuitivos, coisas como a dilatação do tempo, em que o tempo observado – como no exemplo clássico em que dois relógios carregados por um par de observadores – sai de sincronia, e a contração de comprimento de Lorentz, em que o comprimento de objetos se contrai à medida que a velocidade destes se aproxima daquela da luz. [...] Brian Greene, em seu livro O universo elegante, escreve que “A relatividade especial não está em nossos ossos [porque] não a sentimos. Suas implicações não são parte central de nossa intuição”.

A despeito da quase unânime aceitação da teoria da relatividade, o conceito de relativismo permanece sendo o centro de uma controvérsia extremamente acirrada no mundo científico. Dessa forma, não é surpresa que o pensamento relativístico tenha gerado um intenso debate, envolvendo visões extremamente contraditórias sobre o que a prática da investigação científica de fato significa. Nessa disputa interminável, a filósofa irlandesa Maria Baghramian coloca num lado do ringue o argumento de que o conhecimento científico é universal, uma vez que ele pode ser verificado em qualquer lugar, a qualquer momento.

Por exemplo, de acordo com o prêmio Nobel Sheldon Glashow, os cientistas “afirmam que existem verdades universais que são eternas, objetivas, fora da história, socialmente neutras e externas à mente humana, e que a catalogação dessas verdades define o objeto das ciências naturais. Leis naturais podem ser descobertas porque são universais, invariáveis, invioláveis, sem sexo e verificáveis”. Curiosamente, Glashow finaliza seu manifesto dizendo que “essa afirmação eu não posso provar. Essa é minha fé!” [2].

No outro canto do ringue, Baghramian coloca o físico alemão Werner Heisenberg, que – como era de se esperar – mantém sua postura de incerteza ao afirmar, em The physicist’s conception of nature [A concepção da natureza por um físico], que “o objetivo dessa pesquisa não é mais um entendimento dos átomos e seus movimento em si mesmo. Desde o início, estamos envolvidos com o debate entre a natureza e o homem, no qual a ciência desempenha apenas uma parte, de modo que a divisão rotineira do mundo entre subjetivo e objetivo, interior e exterior, corpo e alma, não é mais adequada e nos leva a dificuldades”. Aqui, o homem confronta a si mesmo na mais profunda solidão.

Nesse debate, como em muitos outros assuntos científicos, defiro sem remorsos minha própria opinião em favor das visões defendidas por outro crente imaculado do método científico, o grande paleontólogo americano Stephen Jay Gould. Apesar de não subescrever a filosofia do relativismo, Gould argumenta que “nossas formas de aprender sobre o mundo são fortemente influenciadas pelas preocupações sociais e pelos modos enviesados de pensamento que cada cientista aplica a qualquer problema. O estereótipo de um método científico totalmente racional e objetivo em que cientistas individuais trabalham tão logicamente quanto robôs serve apenas como mitologia de autopromoção classista” [3]. Em vez disso, Gould propõe que:


É perigoso para um pesquisador imaginar que ele pode atingir um estado de neutralidade completa
“A imparcialidade (mesmo que desejada) não pode ser atingida por seres humanos [...]. É perigoso para um pesquisador sequer imaginar que ele pode atingir um estado de neutralidade completa, pois assim ele corre o risco de deixar de se preocupar com suas preferências pessoais e suas influências – o caminho mais fácil para se transformar em vítima de seus próprios preconceitos. A objetividade deve ser definida operacionalmente como o tratamento honesto dos dados, não a ausência de preferências pessoais.

Uma vez que todas as descobertas emergem de uma interação entre a mente e a natureza, os cientistas sábios devem escrutinar os diferentes vieses que registram nossos encontros sociais, nosso momento na história geográfica e política, mesmo as limitações impostas pela nossa maquinaria mental, no júri comparado da imensidão da evolução.”

Em minha definição operacional do ponto de vista próprio do cérebro, o conjunto de restrições fisiológicas que o processo de evolução natural impôs ao sistema nervoso desempenha o papel equivalente àquele que a luz tem na teoria da relatividade, definindo uma constante biológica universal ao redor da qual os modelos cerebrais, criados ao longo de nosso cotidiano, têm de ser relativizados [4]. A evolução das espécies em termos gerais, e a dos mamíferos e primatas em particular, tem de ser considerada como a fonte dos limites ao redor dos quais giram os mecanismos responsáveis pela gênese dos pensamentos, dado que a organização anatômica e fisiológica de nossos cérebros foi modelada pelo processo de seleção natural.

Na realidade, graças a uma série imprevisível de eventos ambientais que se desdobraram ao longo de centenas de milhões de anos, esse processo produziu um arcabouço ótimo para o surgimento do tipo de cérebro de primata que beneficia cada um de nós: desde o arranjo convoluto e compacto do córtex humano, ditado pela necessidade de limitar o tamanho da cabeça de um recém-nascido, de forma que este pudesse escorregar sem problemas pelo canal de parto de sua mãe, até a teia inigualável que prevê a conectividade para dezenas de bilhões de neurônios se comunicarem eletricamente, sempre à mercê do metabolismo, da bioquímica e da fisiologia [5].

***

[1] Neste trecho Nicolelis fala sobre o pensamento relativístico num sentido de crítica a crença de que existe uma única “realidade absoluta e objetiva” na natureza. Falo mais sobre as teorias de Einstein nas minhas reflexões sobre o tempo.

[2] É mesmo um grande paradoxo: sabemos, decerto, que as leis da natureza são idênticas e simétricas por toda a parte e em todos os tempos, na Terra e em Andrômeda, hoje ou há bilhões de anos atrás – entretanto, cabe a uma mísera mente de homo sapiens a tarefa de interpretá-las, e a interpretação jamais será totalmente objetiva.

[3] E, em todo caso, como sempre digo: não somos máquinas a computar informações, mas seres a interpretar o Cosmos.

[4] A diferença entre o limite imposto pela velocidade da luz, e o limite imposto pelas limitações biológicas de nosso cérebro, é que ainda não sabemos exatamente até onde nossa imaginação pode realmente nos levar. A luz continuará a percorrer o universo na mesma velocidade (ao menos no vácuo), já nossos pensamentos parecem ter um parentesco mais próximo do infinito (ou da eternidade, por assim dizer).

[5] Apesar de saber muito bem que existe um número finito de potenciais de ação eletromagnética a cada momento em nosso cérebro, Nicolelis é, como todo grande cientista, um eterno maravilhado com a majestosa capacidade que este número finito pode produzir – seja na filosofia, na religião, na ciência, ou até mesmo no futebol arte...

***

Crédito da foto: John Smith/Corbis
Fonte:http://textosparareflexao.blogspot.com/

Reflexão

Estou aprendendo que a maioria das pessoas não gostam de ver um sorriso nos lábios do próximo.Não suportam saber que outros são felizes... E eles não! (Mary Cely)