Fotos: Isabella Machado/arquivo pessoal
Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa
São jovens que, cansados de reclamar e esperar, partiram para a ação.
Esta semana 15 estudantes de Brasília saíram do conforto de seus lares, na noite fria de quinta-feira, para levar agasalhos, música, alegria e comida para moradores de rua na rodoviária do Plano Piloto.
A imagem da estudante Isabella Machado, de 18 anos, (foto acima) dando comida na boca de um idoso sem-teto, se espalhou pelas redes sociais e emocionou os internautas.
Em entrevista ao SóNotíciaBoa Isabella relembrou aquele momento:
"Ele olhou pra mim e disse: "filha, muito obrigada, eu estou sem comer há 3 dias, estou morto de fome", e desceu uma lágrima. Eu logo abracei e dei mil beijos!!! Ele não tinha forças nem pra segurar o caldo. O caldo estava bem quente, então peguei e comecei a dar na boca dele, ele estava meio bêbado também, não conseguia nem ficar em pé direito!!!", contou a estudante.
A ideia
Isabella começou o projeto sozinha, há 1 mês. "Sem nenhuma peça de roupa, sem nenhum apoio, publiquei sobre o projeto no meu face e não teve nem 20 curtidas".
Mas aos poucos vieram as primeiras doações da turma de um colégio do Gama, cidade a 20km de Brasília, onde Isabella mora. Aí ela decidiu entregar, mas não sabia fazer o caldo, para alimentar os sem-teto.
Foi quando a estudante postou novamente no Facebook a dúvida e um amigo dela, Alberto Almeida, trouxe o incentivo e apoio que faltavam para a ideia sair do papel.
Logo o grupo já tinha 15 pessoas e na última quinta-feira a turma fez sua primeira ação de solidariedade.
A noite da sopa
Os jovens levaram 40 litros de sopa - caldo verde e caldinho de feijão - e iam distribuindo para os moradores de rua que encontravam. "Não tenho noção da quantidade de pessoas, porque a gente foi na rodoviária, depois nos viadutos, depois no setor de farmácia sul", lembra Isabella.
"Nós fizemos o caldo, com a ajuda de um amigo nosso, chefe Dalmo Leite. Os ingredientes foram os próprios integrantes do grupo que compraram".
Calor humano
Mas não foi só comida. Eles levaram afeto!
Teve música e alegria para os sem-teto. Eles cantaram músicas da Legião Urbana, dançaram... uma noite alegre para pessoas esquecidas pelo poder público.
"O pessoal estava tocando violão, então tirei ele pra dançar, (o sonhor que Isabella alimentou na boca) ele me dava cada abraço maravilhoso, sem nenhum dente na boca, mas foi o sorriso mais maravilhoso de todos", conta a estudante.
Tá no sangue
"Eu faço cursinho para medicina. Sempre quis ajudar ao próximo. Tenho uma tia que mora no Senegal e outra na Índia, que são voluntárias e isso sempre foi meu plano: formar e ser voluntária. Mas Deus me alertou que não posso esperar formar, preciso começar a agir, e então foi assim que comecei, porque eles merecem tudo, tudo de melhor. Não escolheram estar naquele lugar. É nosso dever é compartilhar o que temos!", diz.
Todos podem fazer
Eu sinto uma emoção inexplicável. Sinto que estou passando a mensagem de que todos podem fazer também, é só tomar atitude!!!
"Me dói muito ver que as pessoas procuram um ideal de "vida perfeita" pra seguir e esquecem de que tem uma galera precisando. Acham que sentar e reclamar do governo vai ajudar alguma coisa, e me desculpa, mas isso não vai acontecer!"
Planos
Depois que a noite da sopa saiu na imprensa de Brasília, mais de 200 pessoas se solidarizaram.
Isabella criou um grupo no WhatsApp com os novatos e marcou um encontro para o dia 05/07 no Parque da Cidade.
A ideia é colocar as ideias no papel, ampliar o projeto e ajudar mais brasilienses carentes.
Serviço:
Para participar ou colaborar, ligue:
Isabella Machado: 61-98387648
Alberto Almeida: 61-82247725
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