“Na cultura popular, existe a ideia de que as folhas, os chás e as raízes não possuem qualquer efeito maléfico”, explica o hepatologista Raymundo Paraná, professor titular da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
De acordo com o especialista, não se trata de proibir o consumo, mas de evitar a ingestão de bebidas desse tipo vendidas sob o falso pretexto medicinal e terapêutico. “O correto é a população repensar o uso de qualquer proposta de tratamento que não tenha sido submetida a estudos de eficácia e segurança”, diz Paraná.
É importante evitar a ingestão de chás vendidos sob o falso pretexto medicinal. Foto: Shutterstock
A lista de chás, bebidas e cápsulas que podem causar malefícios à saúde cresce exponencialmente segundo o especialista.
“Os relatos na literatura sobre esses casos tem crescido mais que os relatos de medicamentos alopáticos, pois a população se expõe cada vez mais a esses produtos – que, não raro, são prescritos por pessoas de má formação técnica ou de má índole mesmo”, complementa.
Dentre os chás que têm gerado relatos de lesão ao fígado, por exemplo, o hepatologista destaca os seguintes:
Chá verde (cápsulas)
Boldo
Cavalinha
Kava-Kava
Centelha Asiática
Espinheira Santa
Cáscara sagrada
Sene
Confrei
Valeriana
Poejo
Óleo de cártamo
“É comum que o paciente não mencione por considerar seu uso como algo inocente, aumentando o risco de interações medicamentosas ruins”, lembra Paraná. “Na maioria das vezes, o diagnóstico só acontece quando o problema já aconteceu, colocando em risco a vida”, afirma.
Nem tudo é proibido, porém. O hepatologista não vê problemas no consumo dos chás não medicinais, tais como de maçã, camomila, frutas vermelhas, erva cidreira. Tudo, é claro, sem exageros.
Texto
Thassio Borges
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo
https://coracaoevida.com.br/o-perigo-oculto-dos-chas-milagrosos/